O consumo de bebida alcoólica entre as mulheres aumentou na última década. É o que mostrou o relatório Álcool e Saúde dos Brasileiros: Panorama 2021, produzido pelo Centro Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). O documento reúne dados de pesquisas realizadas por diversos órgãos e institutos sobre o tema.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde 2019, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17% das mulheres ingerem bebida alcoólica uma ou mais vezes na semana. Em 2013, esse percentual era de 12,9%. Já o levantamento realizado também em 2019 pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, apontou que 13,3% das mulheres são bebedoras abusivas. O consumo abusivo para mulheres é caracterizado pela ingestão de quatro ou mais doses de bebida alcoólica em um único dia no último mês.

De acordo com a médica psiquiatra Fernanda Baldo Gomes, que atua no Centro de Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD), o álcool causa efeitos específicos no corpo feminino. Além dos prejuízos para a mucosa gastrointestinal, o estômago, o intestino e o fígado, a substância também acarreta um maior ganho de peso e prejuízos no sistema reprodutor.

“A mulher tem, naturalmente, por questões hormonais, mais tecido adiposo do que o homem. Nosso corpo tem, proporcionalmente, mais gordura, e isso faz com que fiquemos mais expostas aos riscos relacionados ao álcool, porque é na gordura que a substância se acumula. Além disso, o consumo de bebida alcoólica também pode interferir na fertilidade da mulher. O álcool pode impactar na qualidade dos óvulos que, a longo prazo, podem ter problemas de formação, diminuindo a capacidade de reprodução e até mesmo aumentando o risco dos bebês apresentarem algum problema de saúde”, alerta a médica.