Levantamento revela que 2 em cada 10 estudantes da Grande Vitória já experimentaram drogas

02/10/2024 17h43 - Atualizado em 17/10/2024 11h25

Uma pesquisa encomendada pela Rede Abraço, em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Violência, Saúde e Acidentes da Universidade Federal do Espírito Santo (LAVISA) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes), revelou que dois a cada 10 estudantes de escolas públicas e privadas do Espírito Santo já experimentaram algum tipo de droga. O estudo, conduzido pela professora e Dra. Franciéle Marabotti, entrevistou 4.614 adolescentes em 63 escolas da Região Metropolitana de Vitória. 

De acordo com a professora e Dra. Franciéle Marabotti, a coleta de informações durou dois anos e foi realizada por meio de questionários entregues aos estudantes.

"A coleta foi anônima e as escolas não foram identificadas. Todos os dados são representativos e não têm nomes. Para iniciar a pesquisa, entramos em contato prévio com as escolas para agendar a coleta, sempre buscando minimizar qualquer impacto no ritmo escolar", conta Marabotti.

Maconha, cocaína e êxtase entre os estudantes

Os dados coletados entre as escolas públicas e privadas da Grande Vitória, revelaram que o uso de drogas é predominante entre as meninas. Ao todo, 23,5% delas utilizam alguma droga, enquanto os meninos, 19,8%. Entre ambos, 8,4% declararam fazer uso atualmente. A pesquisa inédita também identificou a maconha como a substância mais utilizada entre os jovens.

A maconha ou haxixe foi experimentada por 17,6% dos estudantes, dos quais 7% afirmaram continuar o uso. Ao comparar as escolas públicas e privadas, 18,6% e 14,5%, respectivamente, experimentaram a droga.

Drogas como êxtase, bala e MD também foram mencionadas pelos adolescentes. Segundo os resultados, 4,9% já provou e 77% relataram ter utilizado pela primeira vez com 15 anos ou mais, geralmente obtendo a substância com um amigo.

Embora a cocaína apareça menos entre os jovens, ainda é motivo de preocupação. Aproximadamente, 1,2% dizem ter usado a substância pelo menos uma vez; 50% dos entrevistados disseram ter experimentado após os 15 anos. 

“Pesquisas como essas são importantes porque nos ajudam no diagnóstico e na precisão da problemática. Trata-se de um tema complexo, e o objetivo foi justamente identificar como está ocorrendo a adesão e a experiência do uso de substâncias lícitas e ilícitas entre nossos jovens. E nesse sentido, o governo do Estado, por meio da Rede Abraço, tem implementado políticas públicas que atuam no fortalecimento dos fatores de proteção social e que abordam a temática de educação sobre drogas”, explica o subsecretário de Políticas sobre Drogas, Carlos Lopes. 



Drogas lícitas

O consumo de bebidas alcoólicas e tabaco tem sido elevado entre os adolescentes. Ao todo, 62,9% já tomou um copo ou uma dose de bebida alcoólica. As meninas prevalecem no consumo, com 66,6% e os meninos 58,6%. Os jovens, perguntados no questionário como conseguiram acesso às bebidas, cerca de 39,2% afirmaram que compraram numa loja, bar, botequim, padaria ou banca de jornal; 20,9% disseram ter consumido em festas, e 17,3% com alguém da família.

Nas drogas lícitas, quase metade dos estudantes entrevistados experimentou pela primeira vez o tabaco a partir dos 11 anos. Entre eles, 46,3% tendo fumado pela primeira vez com idades entre 11 e 14 anos e 47,1% a partir dos 15 anos.

Cigarro eletrônico e narguilé

Os dados sobre estes produtos fumígenos apontam uma diferença entre escolas públicas e privadas. 

Ao contrário da maconha, em que o acesso em escolas públicas é maior, a experimentação do narguilé e do cigarro eletrônico é evidenciada nas privadas - sobretudo pelo maior valor aquisitivo dessas substâncias. No total, 26,6% dos adolescentes de escolas privadas já experimentaram e 20,9% das públicas. 

Uso de medicamentos

O uso de medicamentos para emagrecer ou permanecer acordado entre estudantes com 15 anos ou mais é elevado, com aproximadamente 46,2% já tendo utilizado algum tipo de medicação para esses propósitos.

Além disso, as meninas fazem uso desse tipo de medicação quase duas vezes mais do que os meninos.

Os tranquilizantes, sem receita médica, também foram utilizados pelos estudantes. Entre eles, 17% confessaram já ter feito uso, com 22% sendo meninas e 10,3% meninos.

Outros tipos de drogas

Quase 10% dos estudantes já usaram substâncias inalantes para se sentir alterados, incluindo loló, lança, cola, éter, removedor de tinta, gasolina, benzina, acetona, tíner, esmalte, aguarrás e tinta (exceto cocaína).

Atualmente, 2,7% fazem uso dessas substâncias e 50,4% confessaram ter cheirado algum desses produtos pela primeira vez com 15 anos ou mais. 

Informações à imprensa

Thiago Almeida
Assessor de Imprensa da Rede Abraço
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Indicadores do Programa Estadual sobre Drogas desde 2019