Uso de drogas lícitas para insônia e dependência 

28/01/2022 10h41

O uso de remédios como clonazepam, diazepam e bromazepam em casos de insônia é muito comum no Brasil. Isso porque tais medicamentos, conhecidos como benzodiazepínicos, são drogas lícitas que possuem propriedades relaxantes e ansiolíticas. O consumo sem acompanhamento médico, no entanto, pode causar diversos problemas para a saúde do indivíduo.

Segundo a médica psiquiatra Fernanda Baldo Gomes, que atua no Centro de Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD), esses medicamentos não são os melhores para quem sofre de insônia porque o sono é apenas um efeito colateral. “Os benzodiazepínicos são utilizados para o tratamento de ansiedade. Na prescrição, devem ser estipulados a dose correta, o horário para ingestão, a duração do tratamento e uma data para reavaliação. Não é uma medicação inocente porque possui uma série de riscos”, alerta.

De acordo com a psiquiatra, o consumo frequente desses medicamentos pode causar prejuízos na memória, aumentar a chance de Alzheimer e até mesmo acarretar uma dependência como a causada pelo álcool e por outras drogas ilícitas. O processo de dependência é semelhante ao que acontece com outras substâncias psicoativas: o corpo se acostuma com determinada quantidade e o indivíduo acaba aumentando a dosagem. Os sintomas físicos em caso de abstinência também são parecidos: sudorese intensa, tremores, naúseas, etc. 

“Os benzodiazepínicos agem no mesmo lugar do álcool e o tratamento é o mesmo da dependência química, também necessitando, às vezes, de internação para desintoxicação. No caso dos remédios, no entanto, é até mais difícil de tratar, já que não adianta colocar um substitutivo porque a pessoa pode abusar”, explica a médica. 

Em casos de insônia, a orientação é não recorrer à automedicação por indicação de familiares e amigos e procurar ajuda médica. “Quem tem dificuldades para dormir não pode tomar remédio de outra pessoa porque não dá para saber se os efeitos terapêuticos e colaterais serão os mesmos. É preciso lembrar também que sempre tomar um remédio para dormir não é normal. A maioria das insônias têm uma origem: apneia, ansiedade, descontrole normal. É preciso avaliar o quadro para que o tratamento adequado seja prescrito”, alerta Fernanda.

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