Na última quinta-feira (17), o Outubro Rosa ganhou espaço na Rede Abraço com um seminário sobre a atenção à saúde da mulher voltado para as profissionais e o grupo de mulheres do Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD). A equipe da Unidade de Acompanhamento para Reinserção Social (UARIS) e o Grupo Rela-chá da Unidade de Saúde da Família de Vitória abordaram a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e outras informações sobre o câncer de mama.

Na ocasião, a enfermeira do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM) e do Santa Rita de Cássia, de Vitória, Gabriela Costa, ressaltou a importância das mulheres buscarem orientação médica.

“É fundamental discutir sobre a prevenção do câncer de mama e de outros tipos de cânceres com as mulheres, pois muitas vezes, elas estão tão ocupadas cuidando de familiares, como filhos, maridos, sobrinhos, netos e até vizinhos, que acabam esquecendo de cuidar de si mesmas. É comum ouvirmos frases como: ‘Ah, eu vou amanhã’ e, no final, elas não procurarem um profissional da saúde. Precisamos alertá-las sempre que é essencial buscar essa orientação regularmente. O Ministério da Saúde recomenda a mamografia a partir dos 50 anos, mas se a mulher tem histórico familiar ou fatores de risco, deve iniciar o acompanhamento antes. Por isso, é importante consultar um médico para receber as orientações adequadas - esse é o primeiro passo para a prevenção”, informa Costa. 

Incentivo do autocuidado entre as acolhidas

Durante a ação foram realizadas atividades de aromaterapia, chá e oficina de relaxamento para promoção de saúde, bem-estar físico, mental e emocional das participantes. Entre elas, Marluce Ferreira das Chagas, de 51 anos, acolhida que há oito anos faz o acompanhamento na Rede Abraço. 

Marluce participou ativamente do seminário, segundo ela, para aprender mais sobre o assunto. "Eu achei esse momento muito bom, nos lembrou que é importante se cuidar. Gostei do trabalho realizado pelas profissionais. Espero que haja mais pessoas que façam essas orientações. Tirei muitas dúvidas que tinha sobre o câncer de mama e sua prevenção", conta a acolhida. 

De acordo com a psicóloga da Rede Abraço, Silvia Mara Moreira Simão, chamar as acolhidas para estas ações, é fundamental para incentivar o autocuidado entre elas. 

“Precisamos destacar a importância de valorizar o próprio corpo e a vida, especialmente nas acolhidas, pois muitas não têm um histórico de autocuidado em suas famílias. Muitas buscam ajuda apenas quando a situação já se tornou crítica. Portanto, é fundamental reforçarmos a importância de cuidarem de si mesmas. Realizamos constantemente trabalhos de conscientização nesse sentido. Contudo, é comum que as profissionais que atuam nos cuidados, como na Rede Abraço, também se esqueçam de cuidar de si, o que é igualmente importante. Essas ações são essenciais para todos nós”, alerta Simão.

Números

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), com informações do Painel Oncologia do DataSUS, em 2024, de janeiro a setembro, foram registrados 740 novos casos de câncer de mama. Já em 2023, foram identificados 1.482. Em relação às internações, neste ano ocorreram 1.392 internações de mulheres por câncer de mama. Em 2023, foram registradas 2.238 internações pela doença. 

Quanto aos óbitos por câncer de mama feminino, segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), foram registrados no Estado em 2023, 385 mortes, sendo 250 registradas no período de janeiro a agosto.

Em relação aos óbitos em 2024, de janeiro a agosto foram registrados 237 óbitos em mulheres por decorrência da doença. Em 2023, ocorreram 2.339 óbitos por cânceres em mulheres e, neste ano, de janeiro a agosto, foram 1.550.

Os cânceres de mama em homens também estão nos registros, de acordo com dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) no ano de 2023, houve um total de sete mortes, sendo cinco registradas no período de janeiro a agosto. Já em 2024, de janeiro a agosto foi identificado 01 óbito em decorrência da doença.

Prevenção

Para prevenir o câncer de mama, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é importante basear-se no controle dos fatores de risco modificáveis e na promoção de fatores de proteção. 

É possível diminuir o reduzir os riscos tomando algumas medidas como:

• Praticar atividade física
• Manter o peso corporal adequado
• Adotar uma alimentação mais saudável
• Evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcóolicas
• Não fumar e evitar o tabagismo passivo

Além disso, outra prática de prevenção primária é a amamentação, que deve ser incentivada e realizada pelo maior tempo possível. 

No que se refere a fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher, estes não são, em sua maioria, modificáveis; porém fatores como excesso de peso corporal, inatividade física, consumo de álcool e terapia de reposição hormonal, são, em princípio, passíveis de mudança.

Texto: Júlia Paranhos