Projeto audiovisual como ferramenta de conscientização sobre a drogadição e cidadania no Ensino Fundamental

26/12/2024 11h51 - Atualizado em 26/12/2024 12h17

Um projeto audiovisual que envolve literatura, produção audiovisual e uma abordagem interdisciplinar, desenvolve habilidades técnicas e possibilita a reflexão crítica sobre a problemática das drogas para aproximadamente 50 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Américo Guimarães Costa, em Carapina Grande, na Serra. O projeto é outro vencedor do Edital Boas Práticas Pedagógicas 2024 e é intulado de “Drogas, do senso comum à consciência cidadã”, coordenado pela professora Fabricia Silva.

A educadora conta que a ideia de uma produção colaborativa de vídeos surgiu a partir do desejo antigo de trabalhar um projeto audiovisual dentro da sala de aula, inspirado e consolidado após leitura do caderno metodológico produzido pela Rede Abraço


Com a leitura de "O Estudante", de Adelaide Carraro, conduzida pela professora de português Hevelise Cristina, os alunos produziram um curta-metragem que reinterpreta a obra no contexto contemporâneo, abordando o combate ao uso de drogas, desenvolvendo habilidades técnicas, analíticas e criativas, promovendo reflexão crítica sobre o impacto das drogas na sociedade.

“O trabalho possibilitou os alunos conhecerem o mundo audiovisual mais de perto, e com o valor do prêmio conquistado no Edital de Boas Práticas Pedagógicas, investimos na compra de uma câmera profissional,  iluminador led, suporte tripé, e eles tiveram oficinas de como operar, roteirizar vídeos, e também entender os planos na fotografia, técnicas de filmagem, gravação de áudio e edição de vídeo”, conta a professora Fabricia. 

Projeto que revela sonhos

Além de abordar o importante tema sobre a problemática das drogas, o projeto audiovisual inspirou novos caminhos para os alunos do 8° ano da escola na Serra. 

O cinegrafista do projeto, Klebert Rocha, de 14 anos, depois de participar da iniciativa e aprender mais sobre as câmeras, afirmou desejar fazer um curso voltado para a cinegrafia.

"Foi uma boa experiência, porque eu nunca tive contato com câmera profissional. Então, quando tive a oportunidade fiquei bem animado. E quis aprender mais sobre isso. A professora ensinou tudo, como mexer na câmera, tirar foto e gravar. Aprendi tanto que agora quero continuar com isso e estou pensando em fazer um curso. E eu só tive contato com o tema sobre as drogas em algumas palestras. Mas acho importante fazer mais ações sobre a questão, pois há pessoas que entram nesse caminho em busca de um refúgio, mas isso piora o problema. O projeto mostrou novos caminhos para todos os alunos”, conta o adolescente. 

A adolescente Luciane Queiroz, de 13 anos, também teve a mesma percepção em relação ao projeto. Segundo ela, apesar de inicialmente achar complicado aprender sobre roteiro, ela insistiu e gostou do trabalho. 

“Quando a professora falou sobre o projeto, eu fiquei muito empolgada. Como gosto muito de ler e escrever, disse a ela que queria criar o roteiro. E ela me deu a oportunidade, então comecei a escrevê-lo. As gravações foram incríveis e entendo que o projeto é muito importante por causa do tema. Há pessoas que estão passando por alguns desafios e nós nem sabemos, então elas recorrem às drogas. Então é fundamental que essa pessoa seja acolhida e com o processo de gravação a escola também se sentiu parte deste acolhimento, que é o projeto”, afirma a estudante.

Professores unidos pela prevenção

Durante o processo de criação do curta-metragem inspirado na obra “O Estudante” de Adelaide Carraro, todos os professores da escola contribuíram, inclusive, cedendo alguns minutos de aula para a leitura conjunta da obra.

O livro transformado em curta-metragem narra a trajetória de uma pessoa com problemas com a drogadição, mostrando o impacto do vício não apenas em sua vida, mas também na de seus familiares, amigos e todos ao seu redor. Através dessa narrativa, a obra promove uma discussão profunda sobre os efeitos e consequências da dependência do uso de substâncias psicoativas. 

“Durante minha formação, participei de festivais e produzi diversos tipos de conteúdo audiovisual, e atuei em todas as etapas da produção, desde a pré-produção, elaboração de roteiros, captação e operação de áudio e vídeo, até a edição. Combinando essas experiências práticas com leituras sobre o impacto do uso de vídeos na educação, percebi como essa ferramenta pode contribuir com a formação de cidadãos críticos e reflexivos", explica a professora Fabricia Silva.

Para a professora Hevelise Cristina, colocar o tema em prática na sala de aula foi um momento muito rico, pois vários professores se envolveram. "Foi um trabalho interdisciplinar que possibilitou a integração de outros professores com os alunos e a leitura da obra, então houve um movimento dentro da escola inteira. A partir disso, percebi que plantamos uma semente positiva e mostramos a eles que o tema das drogas é algo extremamente sério e problemático, e não uma futilidade em que muitos tratam”, afirmou a educadora. 

O coordenador pedagógico, Aldo Santana, que realizou uma palestra para os alunos sobre o efeito das drogas no cérebro e outras doenças ocasionadas pelo uso abusivo de álcool e outras drogas, durante suas falas parabenizou as profissionais pelo projeto. 

“Elas se preocupam com a formação integral. O que é formar integralmente um cidadão? É você abrir a mente dessa pessoa para que ela construa o seu próprio caminho de sucesso. Eu estou com essa premissa, hoje, que o que eu vou falar aqui vai ter significado e efetividade comportamental na vida de vocês. Então, antes de entrar no tema especificamente, eu queria parabenizar as professoras pela iniciativa”, ressalta.

Texto: Júlia Paranhos e Thiago Almeida

Indicadores do Programa Estadual sobre Drogas desde 2019