Rede Abraço reforça compromisso com o ativismo pelos Direitos Humanos

05/12/2024 16h56 - Atualizado em 05/12/2024 17h03

Para lidar diariamente com pessoas que têm a honra e a dignidade humana feridas é preciso manter a sensibilidade e a capacidade de desmistificar e atuar de forma multidisciplinar na assistência desses indivíduos. É por isso que a equipe da Unidade de Acompanhamento para Reinserção Social (UARIS) da Rede Abraço promoveu os ‘16 Dias de Ativismo aos Direitos Humanos’ na última quarta (4).

Durante o evento, ocorreu uma palestra para capacitar e ampliar os conhecimentos dos profissionais sobre os direitos humanos e, assim, garantir que as demandas dos acolhidos e familiares sejam atendidas. 

De acordo com o subsecretário de Políticas sobre Drogas, Carlos Lopes, falar sobre os direitos humanos é sempre desafiador, pois, de modo geral, o ser humano tende a ter uma visão, como se não fosse igualmente humano, assim, criando uma barreira que frequentemente fundamentam preconceitos, perpetuam desigualdades e práticas de violência. 

“Como uma política pública que atende predominantemente pessoas em situação de vulnerabilidade, é um dever nosso, uma obrigação profissional sermos guardiões da defesa da dignidade e do respeito à pessoa humana, sem julgá-la por sua aparência ou falhas. O Estado é quem deve fazer justiça, e ela só se concretiza quando se baseia na legalidade, no respeito à dignidade humana. O Estado existe justamente para nos livrar da barbárie, e não para reproduzi-la. Vivemos uma sociedade anestesiada em relação às práticas contra os direitos humanos. Esta semana serve para nos reanimar de que a nossa luta deve ser diária e constante”, afirma o subsecretário.

A especialista em Direitos Humanos e Coordenadora de Projetos do Centro de Apoio aos Direitos Humanos, Verônica Bezerra, que apresentou o tema a todos, afirma que revisar os princípios da dignidade humana é fundamental para fortalecer o processo civilizatório.

“Fazer uma revisão sobre os conceitos e práticas sobre os princípios da dignidade humana é fundamental para não apagarmos a chama e deixar o tarefismo deixar nossa atuação mecânica. Ao relembrar isso, conseguimos repactuar com a humanidade esses princípios que são muito importantes”, ressalta Verônica.

Estiveram presentes profissionais dos CAADs de Vitória, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, de órgãos e instituições municipais de direitos humanos do Estado, gestores e representantes dos projetos dos Editais Boas Práticas, acolhidos e outras organizações.

“Trabalhar com os direitos humanos na prática, não é fácil. Todos os dias, recebemos pessoas com dificuldades que, algumas vezes, não temos meios necessários para resolvê-los. A partir disso, precisamos nos articular para encaminhar este cidadão ao lugar que consiga efetivamente ter a sua demanda atendida. Os direitos humanos abrangem uma área enorme, por isso, é fundamental colocarmos a intersetorialidade em funcionamento, estarmos nos capacitando e relembrando esses conceitos que devem ser colocados em prática”, disse a gerente de Direitos Humanos de Cariacica, Vera Taddei Lyra.

Coral Maria Marias

Para mostrar a importância da ressocialização, que se encontra entre os direitos humanos e a dignidade, especialmente na Lei de Execução Penal para pessoas privadas de liberdade, o Coral Maria Marias, composto por internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), abriu a ação sobre a dignidade humana.

"A apresentação do Coral Maria Marias no Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas reflete nosso compromisso com a ressocialização das internas, promovendo não apenas a cultura, mas também a autoestima e a esperança. Essas ações são cruciais para a reintegração das mulheres que estão em nosso sistema prisional, mostrando que, além de suas dificuldades, elas têm talentos e potencial para contribuir positivamente para a sociedade", destaca a diretora da unidade prisional, Patricia Castro.

A advogada e maestrina do coral, Simone Vaz também ressaltou a importância da ressocialização.

“A pessoa que está privada de liberdade e que está cumprindo uma pena é um ser humano, ela também tem direitos e não deve ser privada de oportunidades. A ressocialização tem como objetivo trabalhar com essas pessoas para que, quando forem reintegradas à sociedade, saiam melhor do que quando entraram. Elas (mulheres internas) precisam entender que têm a oportunidade de aprender, melhorar e se profissionalizar, mesmo dentro de um presídio. Assim, ao deixarem a prisão, serão qualificados com habilidades e oportunidades para se reintegrarem ao mercado de trabalho e à sociedade”, explica Simone. 



Texto: Júlia Paranhos

Indicadores do Programa Estadual sobre Drogas desde 2019