Muito se fala sobre os efeitos causados pelo consumo de álcool e outras drogas para a saúde física e mental. O que muitas vezes não é levado em consideração é que quem convive com usuários de substâncias psicotrópicas também pode sofrer uma série de consequências psicológicas, emocionais e até físicas.

Segundo a psicóloga Marcionília Menezes Andrade, que atua no Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD), a chamada codependência é um estado emocional que familiares que cuidam de dependentes químicos desenvolvem. “Há relatos de pessoas que passam a apresentar diversos sinais de estresse, como insônia, hipertensão e queda de cabelo, e até mesmo transtorno de ansiedade. Essa pessoa deseja cuidar desse dependente químico e ajudá-lo de alguma forma, mas todos os esforços acabam fazendo com que ela adoeça, seja fisicamente, seja psiquicamente”, afirmou a psicóloga. 

Para a assistente social Leovegilda Maria Gomes, que também atua no CAAD, é muito importante que esse familiar seja amparado, acolhido e acompanhado e realizado um tratamento. “Essa pessoa precisa ser amparada e direcionada porque ela sofre muito. Se ela ficar bem, vai se fortalecer e vai ser mais fácil conviver e lidar com o dependente químico, mesmo se a escolha dele for continuar usando as substâncias. Ela vai encarar o fato de outro modo e o sofrimento vai ser melhor administrado. Ela vai se empoderar e cuidar dela, da saúde, das outras pessoas da família”, explicou a assistente.

Atendimento no CAAD

O Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD) também oferece atendimento para familiares de pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas. O familiar é acolhido e, de acordo com a demanda, pode ser encaminhado para uma unidade de saúde para acompanhamento com psiquiatra ou psicólogo, para um grupo de apoio mútuo mais próximo da residência. Ele também pode participar do grupo de família realizado no local. 

“Além disso, de acordo com a situação do indivíduo, outros atendimentos com nossa equipe de família podem ser marcados até que se observe uma melhora e um controle do comportamento e da codependência. Nosso intuito é que a pessoa se sinta amparada para lidar com o contexto em que está inserida”, explicou a assistente social. 

Os grupos de família são realizados às terças-feiras, às 9 horas, e às quintas-feiras, às 14 horas. Para participar, é necessário realizar um cadastro na recepção do CAAD para ser atendido pela equipe de atendimento familiar.