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Dia da Consciência Negra: Rede Abraço fortalece a equidade racial nas redes de apoio em ação para servidores
19/11/2024 10h53 - Atualizado em
19/11/2024 10h54
Para realizar um atendimento de qualidade, o servidor público deve possuir diversos atributos, como responsabilidade, conhecimento e ética. Porém, não só essas características. Nas redes de apoio, é fundamental que os profissionais saibam atuar com equidade racial, ou seja, devem reconhecer e valorizar as peculiaridades dos diferentes grupos étnico-raciais, garantindo que todas as pessoas, especialmente aquelas de grupos marginalizados, tenham acesso a todos os serviços.
Atenta a esta questão, a equipe da Unidade de Acompanhamento para Reinserção Social (UARIS) da Rede Abraço realizou na última quinta-feira (14), uma capacitação alusiva ao Dia da Consciência Negra para os profissionais de Vitória, Cachoeiro, Linhares, e também do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS).
Segundo Márcia Saldanha, assistente social e Referência Técnica da Reinserção Social da Rede Abraço, a formação deste profissional é essencial para a reparação das violências sofridas por estes indivíduos.
“Se o profissional não está preparado, não conhece as políticas afirmativas e não entende o que é o racismo institucional e o racismo social, provavelmente não conseguirá reparar nenhuma violação sofrida por uma pessoa em razão do racismo ou de outras formas de violência. E ao falar de reparar uma violação, não me refiro à simples redução da dor, mas ao oferecimento de um encaminhamento adequado, que envolve a rede de cuidados e o acesso à justiça, garantindo que a lei seja acionada quando necessária”, explica Saldanha.
Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro e, de acordo com a Fundação Cultural Palmares, tem a finalidade de recuperar a memória de um passado perverso e refletir sobre os avanços e os desafios do presente.
A ativista social e especialista em Educação Empreendedora, Marilene Aparecida Pereira, convidada pela Rede Abraço, ressalta que a Consciência Negra precisa ser contemplada além da simbologia da data.
“A Consciência Negra valoriza a memória e a identidade do povo negro, reafirmando a importância de políticas de inclusão e reparação histórica no Brasil. Ao contemplá-la nas políticas públicas e nos serviços de atendimento, buscamos fortalecer, reconhecer e respeitar a diversidade, combater desigualdades e garantir que os direitos e o acolhimento das pessoas negras sejam assegurados. Assim, avançamos em direção a uma sociedade mais inclusiva e igualitária para todos. No entanto, é preciso reconhecer que muitos servidores que atuam diretamente com o público, na porta de entrada para diversos serviços, frequentemente não tiveram a oportunidade de conhecer outras narrativas sobre a população negra. Por isso, a Consciência Negra vai além de uma data simbólica; ela representa um compromisso com a justiça social e o enfrentamento do racismo em todas as suas formas. Para transformar essa consciência em prática, é fundamental que diversos setores da sociedade, especialmente as redes de atendimento público, promovam ações efetivas”, afirma Marilene.
Segundo a coordenadora da CEAFRI (Coordenação de Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e Indígenas) da Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha, Flávia Costa Lima, palestras e formações como a realizada no CAAD Vitória, são momentos muito ricos de aprendizado.
"A ação foi extremamente enriquecedora, com muita troca e aprendizado, a partir do conhecimento e das experiências de uma mulher preta. Falar sobre os desafios que nossa população tem enfrentado historicamente para ser reconhecida é essencial. Estamos militando e batalhando diariamente para que o restante da sociedade entenda que a representatividade é fundamental para todos, pois, sem exceção, devemos e podemos ocupar os lugares mais altos da sociedade. Portanto, estar neste momento com a Marilene, uma mulher preta com um histórico maravilhoso, foi uma experiência potente e transformadora."
Saiba o perfil dos atendidos pela Rede Abraço
Em 2023, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) realizou um relatório especial com os dados do Observatório Capixaba de Informações sobre Drogas (OCID). No relatório há dados sobre o perfil dos atendidos pelo programa, entre eles, um recorte de cor e raça.
A partir dessas informações, é possível perceber a importância das capacitações para a promoção de ações afirmativas contra o racismo no serviço público e o fortalecimento do autorreconhecimento da identidade negra, pois há uma predominância de pessoas negras e pardas como acolhidos na Rede Abraço.
“É preciso capacitar todos os profissionais para que conheçam os protocolos de atendimento e entendam que o racismo não é algo velado, ele se manifesta de forma evidente e diversa. Por isso, devemos trabalhar para desconstruir, educar e agir no espaço. Combater os preconceitos cotidianamente e o racismo são questões sociais que abrangem toda a sociedade”, finaliza Saldanha.
Texto: Júlia Paranhos