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Novo relatório da ONU revela tendências no tráfico e consumo de drogas
01/07/2025 16h07

Na última quinta-feira (26), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime publicou o Relatório Mundial sobre Drogas 2025. A edição aborda as tendências globais e regionais relacionadas ao consumo, produção e tráfico de drogas, destacando os principais desafios e impactos na saúde pública.
Em seu lançamento, a Diretora Executiva do UNODC, Ghada Waly, destacou a importância de investir na prevenção e de abordar as causas profundas do comércio de drogas em todos os pontos da cadeia de suprimentos ilícita sejam abordadas.
"Esta edição do Relatório Mundial sobre Drogas mostra que os grupos organizados de tráfico de drogas continuam a se adaptar, explorando crises globais e mirando nas populações mais vulneráveis. Devemos investir em prevenção e abordar as causas profundas do comércio de drogas em todos os pontos da cadeia de suprimentos ilícita. E devemos fortalecer as respostas, aproveitando a tecnologia, reforçando a cooperação transfronteiriça, proporcionando meios de subsistência alternativos e tomando medidas judiciais que visem os principais atores que impulsionam essas redes. Por meio de uma abordagem abrangente e coordenada, podemos desmantelar organizações criminosas, fortalecer a segurança global e proteger nossas comunidades”, disse a diretora.
O relatório aponta para um cenário global complexo, com aumento da produção de drogas sintéticas, desafios em saúde pública e desequilíbrios regionais.
Segundo o documento, 316 milhões de pessoas utilizaram alguma droga ilícita em 2023 (excluindo álcool e tabaco), o que corresponde a 6% da população mundial entre 15 e 64 anos. Em 2013, esse índice era de 5,2%, o que evidencia um crescimento no consumo ao longo da última década.
Com 244 milhões de usuários, a cannabis permanece como a droga mais consumida, seguida por opioides (61 milhões), anfetaminas (30,7 milhões), cocaína (25 milhões) e ecstasy (21 milhões). A produção de cocaína atingiu o recorde em 2023 (3.708 toneladas), com aumento de 34% em relação a 2022.
Entre as Novas Substâncias Psicoativas (NSP), ketamina e canabinoides sintéticos são as mais consumidas e os nitazenos (opioides sintéticos) causam preocupação devido a alta potência e mortes associadas, principalmente na Europa, América e África.
No Brasil, dados de 2023 mostram que os opioides são a principal droga associada a tratamentos no país, seguidos por cannabis e estimulantes tipo anfetamina (ATS).
O acesso ao tratamento é limitado: apenas 1 em cada 12 pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias recebem ajuda, com disparidades de gênero, sendo que mulheres enfrentam mais barreiras de acesso.
O tráfico de drogas é a principal atividade para muitas organizações criminosas, representando de 36% na União Europeia a 81% na Austrália. Em todo o mundo, grupos envolvidos no tráfico frequentemente diversificam suas operações, incluindo lavagem de dinheiro, comércio ilegal de armas e corrupção.
O relatório enfatiza a complexidade do tráfico de drogas e sua relação simbiótica com o crime organizado, destacando a necessidade de estratégias diferenciadas para combater grupos com estruturas e objetivos distintos. O Brasil aparece como um ator relevante nesse cenário, com grupos organizados que operam no país e internacionalmente – como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) -, exigindo respostas integradas e baseadas em evidências.
Para os analistas, os mercados de drogas são altamente resilientes, adaptando-se a pressões policiais e mudanças na oferta e/ou demanda e os organizações criminosas inovam em métodos de produção e transporte (como uso de darknet e couriers aéreos) para reduzir riscos. Além disso, a interconectividade entre grupos cria redes complexas, dificultando a desarticulação total do tráfico, de modo que ações policiais indiscriminadas têm pouco impacto.
O Relatório Mundial sobre Drogas 2025 enfatiza a necessidade de políticas baseadas em evidências, combate ao crime organizado com estratégias direcionadas e expansão de serviços de saúde. Para o Brasil, os desafios incluem o controle de rotas de tráfico e a redução da violência associada, além da melhoria no acesso a tratamentos.
Texto: Nathália Borba - Gerente de Avaliação, Estudos e Informações sobre Drogas da Rede Abraço.
Para acessar o documento completo, clique aqui: https://www.unodc.org/cofrb/pt/noticias/2025/6/relatorio-mundial-sobre-drogas-2025-do-unodc_-instabilidade-global-agrava-custos-sociais--economicos-e-de-seguranca-do-problema-mundial-das-drogas.html