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Dia Mundial do Câncer: substâncias psicoativas aumentam o risco de desenvolver a doença
04/02/2025 12h56 - Atualizado em
04/02/2025 13h07
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Neste Dia Mundial do Câncer (4 de fevereiro), data dedicada às ações globais de educação e conscientização sobre a doença, compartilhar informações como os fatores de riscos para diminuir sua incidência, é fundamental para salvar vidas. Neste aspecto, é necessário esclarecer que outras substâncias psicoativas (SPAs), assim como o álcool e o tabaco aumentam os riscos do desenvolvimento da doença.
Segundo a médica clínica Luana Barbosa Sansão, que atua no CAAD Cachoeiro, o uso de substâncias psicoativas (SPAs) pode desencadear o câncer devido a mutações que as substâncias causam nas células.
“Em casos de ingestão de substâncias, existe a possibilidade do surgimento de câncer na cavidade oral e orofaringe, devido a lesões diretas causadas por essas substâncias nas células, que tentam se recuperar, mas nesse processo não conseguem e acabam sofrendo mutações, o que pode levar ao desenvolvimento da doença. O álcool, por exemplo, também pode causar a patologia pelo mesmo mecanismo, sendo os tipos de câncer mais frequentes o de esôfago, gástrico, orofaringe e boca. Além disso, é possível associar o consumo de bebidas alcoólicas ao câncer hepático, especificamente o carcinoma hepatocelular”, explica a médica.
Em relação ao tabaco, que geralmente é associado pela população ao câncer de pulmão devido a relação direta com o órgão, segundo a médica, pode ocasionar qualquer tipo de doença.
Números
Segundo o Painel de Oncologia do DataSUS, em 2023 os tipos de câncer mais incidentes no Estado foram: neoplasias malignas da pele (não melanoma), com 4.886 registros; mama, 1.502; próstata, com 1.235 ocorrências; boca, 1.062; e cólon, reto e junção sigmóide (colorretal), com 877 diagnósticos.
Em 2024, foram identificados: 5.388 casos de neoplasias malignas da pele (não melanoma); 1.231 relacionados ao câncer de mama; 876 à próstata; 548 associados a boca; e 761 no cólon, reto e junção sigmóide (colorretal).
Em relação aos casos de cânceres mais associados ao uso de substâncias psicoativas, foram: 548 casos na cavidade oral e orofaringe; 293 no estômago; 236 no pulmão; 139 no esôfago; e 37 casos hepáticos, incluindo carcinoma hepático.
Sintomas
Apesar de algumas substâncias estarem relacionadas a determinados cânceres, há algo em comum entre os casos: na maioria a doença é assintomática nos primeiros anos. Por essa questão, o diagnóstico pode ser atrasado, ou seja, quando o indivíduo descobre a patologia e inicia o tratamento, a lesão está expandida, o que pode prejudicar o controle e até a cura.
“Às vezes, além do fato de o câncer em estágios iniciais ser assintomático, o que pode atrasar um pouco o diagnóstico em todos os pacientes, no caso daqueles que fazem o uso de substâncias, a identificação normalmente é tardia, devido a situação de vulnerabilidade ou constante entorpecimento deste indivíduo, que faz com que ele demore mais a ter o limiar da dor alcançado e procure o atendimento”, informa a médica.
Embora a doença, no início, não apresente sinais evidentes de sua existência, é possível identificar determinados sintomas, especialmente em pessoas que consomem álcool e outras drogas.
Câncer na cavidade bucal
Os principais sintomas desse tipo são feridas e/ou úlceras que não cicatrizam e evoluem continuamente, mesmo com diversos tratamentos. Além disso, o indivíduo pode sentir dor na região.
Câncer gástrico
É observado o desenvolvimento de uma síndrome dispéptica, sensação de dor ou desconforto no abdômen, estômago, sendo até descrita como refluxo, gases, queimação, indigestão e outros, de forma recorrente. Além disso, dificuldade e/ou náuseas ao se alimentar e até mesmo sangramento digestivo.
Câncer no esôfago
É um tipo de câncer muito grave e difícil de tratar, sendo um fator de risco a ingestão de álcool.
O principal sintoma é uma disfagia progressiva, ou seja, uma dificuldade para ingerir alimentos que aumenta ao longo do tempo. Inicialmente, o indivíduo tem dificuldade com alimentos sólidos; posteriormente, isso evolui para os pastosos e, por fim, para os líquidos, devido a uma lesão obstrutiva que cresce no esôfago.
Carcinoma hepático
A doença pode passar muitos anos assintomática e, com o tempo, se desenvolver numa síndrome de insuficiência hepática, que é caracterizada por diversos sintomas, mas que demandam muitos anos de evolução da doença para se manifestarem.
No caso de um paciente cirrótico, ele inicialmente apresenta uma ascite, que é o aumento do volume abdominal devido à retenção de líquido, ou seja, um vazamento de líquido para a cavidade abdominal, além de edema nos membros inferiores. Também podem surgir teleangiectasias, que são lesões vasculares.
Em alguns casos, homens podem passar por um processo de feminilização, causado pela produção excessiva de hormônios femininos, mas isso já indica uma síndrome em estágio mais avançado.
Câncer de pulmão
Nesta ocorrência é possível identificar uma dispneia, que é a falta de ar e tosse. No entanto, também há compressão de estruturas torácicas, como, por exemplo, a veia cava. Além disso, há a síndrome paraneoplásica, que ocorre quando o tumor produz substâncias que causam alterações em outros sistemas. Neste caso, pode ocorrer uma baixa ou alta de sódio, resultando em alterações neurológicas.
Prevenção
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença não tem uma causa única. Fatores ambientais e comportamentais contribuem para elevar o risco de desenvolvimento da doença. Alguns desses fatores podem aumentar a ocorrência de pelo menos 12 tipos diferentes de câncer. Saiba quais são e como prevenir:
Peso corporal
Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda que, ao longo da vida, a população mantenha o peso corporal dentro dos limites recomendados de índice de massa corporal (IMC) (Clique aqui e saiba como calcular seu peso ideal). O limite saudável para adultos é o IMC de 18,5 a 24,9 kg/m².
Bebida alcoólica
Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda evitar o consumo de qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica, pois não há limite seguro de ingestão.
Carne processada
Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda evitar o consumo de carnes processadas, tais como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru defumado, pois não há limite seguro de ingestão.
Atividade Física
Para a prevenção do câncer, o INCA recomenda ser fisicamente ativo como parte da rotina diária, limitando os hábitos sedentários, como passar muito tempo assistindo televisão e usando o celular ou o computador.
Texto: Júlia Paranhos