Consumo de álcool por jovens e adolescentes

25/05/2022 14h52

O consumo de álcool está começando cada vez mais cedo no Brasil. É o que mostra a última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, 63,3% dos estudantes entre 13 e 17 anos já experimentaram alguma bebida alcoólica. Além disso, 47% dos alunos nessa faixa etária afirmaram que já ficaram embriagados pelo menos uma vez. 

Segundo a psicóloga e doutora em Psicologia Social pela PUC-SP, Juliane Manzini, que atua no Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD), fatores como curiosidade, influência dos amigos, busca pelo prazer imediato, e/ou o alívio da tensão no dia a dia explicam esse cenário. Além disso, questões sociais, como desemprego, falta de perspectivas e até mesmo a pressão por uma alta performance nos estudos também colaboram para o consumo precoce. 

Para Juliane, a ingestão de uma droga legalizada como o álcool revela algumas questões ligadas à saúde mental. “Muitos adolescentes experimentam o álcool por dificuldade em lidar com as próprias emoções, aliada aos sintomas de ansiedade, medo, frustração e incertezas, pelos conflitos familiares e interpessoais e pela passagem prematura à vida adulta”, explica. 

A psicóloga ressalta que o consumo de álcool por adolescentes repercute em vários aspectos da vida, sendo considerado até mesmo um grave problema de saúde pública. “Os estudantes apresentam mudanças de comportamento, passam a ter mais conflitos familiares e têm prejuízo na aprendizagem, o que reflete na queda do rendimento escolar”, apontou.

Segundo a psiquiatra Fernanda Baldo, que também atende no CAAD, esses quadros ocorrem porque o uso de álcool interfere na formação do cérebro e, consequentemente, na transmissão de impulsos nervosos entre neurônios. 

“Muitos estudos mostram que o cérebro permanece em formação até os 18, 20 anos, em média. É por isso que esse momento significa a passagem para a vida adulta. Quando o indivíduo usa uma droga como o álcool nessa fase da vida, esse processo é impactado. Há uma desorganização na comunicação entre os neurônios e muitas informações são transmitidas de uma maneira irregular e até mesmo desnecessária. É por isso que o adolescente fica mais impulsivo”, explica a médica.  

Indicadores do Programa Estadual sobre Drogas desde 2019